25 de dezembro de 2007

Prazer em fazer o bem

POR CLAUDIA SILVEIRA

Silenciosamente, todos os dias, alguém acorda disposto a doar o seu tempo ou a investir o próprio dinheiro para ajudar o outro.

Para essas pessoas, o espírito natalino e a generosidade que ele estimula estão presentes durante todos os dias do ano e não só quando o calendário chega ao fim.

À procura de pessoas que tentam tornar o mundo melhor, a Revista da Hora encontrou sete histórias emocionantes de dedicação e amor ao próximo.

Nas páginas a seguir, você vai conhecer, entre outras pessoas, uma aposentada que distribui café da manhã às segundas-feiras, na praça da Sé (centro de SP), e um aposentado que construiu um “puxadinho” em casa para abrigar uma cooperativa que oferece emprego e renda a jovens carentes. Nenhum deles recebe qualquer retorno financeiro.

Todas as histórias servem de inspiração para que a generosidade não acabe com o passar do Natal. E, se a vontade de ajudar é muita, mas não dá para se comprometer com algo tão grandioso, um bom começo pode ser se tornar voluntário de instituições beneficentes.

O primeiro passo para começar a ajudar alguém é ter em mente que tipo de pessoa se quer auxiliar: criança, analfabeto, deficiente físico etc. Ter tempo disponível é outro pré-requisito. Afinal, o voluntário não bate ponto, mas todos contam com ele.

A aposentada do café da manhã, por exemplo, nem cogita deixar de ir à praça da Sé em uma segunda-feira e deixar uma fila esperando por ela.

Em seguida, é preciso refletir sobre o tipo de trabalho a ser realizado. “Se a pessoa tem dificuldade em lidar com sangue, talvez um hospital não seja o melhor lugar para ela freqüentar”, sugere Elaine, coordenadora de voluntários do CVV (Centro de Valorização da Vida), que preserva o sobrenome por causa do trabalho desenvolvido como voluntária.

Independentemente da proporção do trabalho desenvolvido, se ele for feito com amor e levado a sério, não é apenas a pessoa beneficiada quem sai ganhando.

As pessoas entrevistadas para essa reportagem se emocionam ao falar sobre o que sentem quando servem ao próximo. Para eles, a lógica não é se doar depois de satisfeitos, mas buscar a satisfação junto com o outro.


Renda para os jovens


O metalúrgico aposentado João Rodrigues dos Santos, 55 anos, e sua mulher, a costureira Aparecida Francisca da Silva Santos, 49 anos, participaram durante muitos anos de grupos assistenciais de alfabetização e inclusão digital no Jardim Antártica (zona norte SP), bairro onde moram.

Mas Santos não se sentia satisfeito. “Eu via que só a palavra não enchia a barriga das pessoas”, afirma.

Pensando em uma forma de gerar renda para os jovens carentes, o metalúrgico e a mulher montaram, há três anos, a Coopercob, uma cooperativa que reúne costureiras, bordadeiras e confeccionistas da região.

Santos é mais do que um voluntário, ele se doa completamente, sem se beneficiar de nada. Para ele, não tem sábado, domingo ou feriado se há trabalho.

Os 24 jovens que iniciaram o projeto já foram substituídos e estão trabalhando em outras confecções. Atualmente, são 36 cooperados, que tiram, em média, R$ 550 por mês.

“Pela lei, todo cooperado precisa entrar com algum dinheiro, mas como eu poderia cobrar de uma pessoa que nunca teve renda antes, que está atrás do primeiro emprego e que, às vezes, não tem nem endereço?”

A vida em cooperativa faz com que todos façam parte de uma nova família. “Muitos deles não tinham dinheiro para trazer comida. Na hora do almoço, escondiam-se dos outros. Os meninos passaram a repartir a refeição entre eles”, conta Santos, que tem três filhos adotivos.


“Doula” dá conforto na hora do parto

A dona-de-casa Lúcia Helena de Freitas, 54 anos, não é médica nem paciente, mas circula à vontade pelos corredores do hospital municipal Doutor José Soares Hungria, em Pirituba (zona norte de SP).

Ela é uma “doula”, voluntária que dá suporte físico e emocional às gestantes antes, durante e após o parto.

Lúcia tem dois filhos e é uma entusiasta da maternidade. Ela sabe que a sua companhia dá conforto emocional à parturiente, pois os médicos e as enfermeiras geralmente vivem atarefados.

“Existem ‘doulas’ em hospitais particulares, mas eu só poderia trabalhar em um que fosse público. É onde estão as mulheres mais necessitadas. Algumas chegam aqui sem nenhuma peça do enxoval, e a gente corre atrás para juntar roupinhas para o bebê que vai nascer”, conta.

A recompensa para Lúcia é o vínculo que ela cria com as parturientes. “A gente acaba ganhando a confiança delas e vira até uma mãe. Como moro perto do hospital, às vezes, acabo encontrando algum bebê que vi nascer passeando com a mãe pela rua. Elas me mostram as crianças orgulhosas. Fico muito feliz em participar disso”, conta Lúcia.

Como não tem um dia de trabalho em que Lúcia deixe de ver uma criança vir ao mundo, são muitas as histórias emocionantes que ela guarda em mais de seis anos de voluntariado.

“Tinha uma garota que não queria o filho que tinha acabado de ter. A gente conversou com ela durante todo o tempo em que ela esteve aqui. No dia de ir embora, ela disse: ‘Eu não ia levar o bebê para casa, mas, por sua causa, eu quero levar ele sim’”, conta, emocionada.


Café na Sé toda segunda


Passam poucos minutos das 6h, e uma pequena fila começa a se formar na praça Sé (região central de SP). São desempregados e moradores de rua que esperam pelo café da manhã trazido toda segunda-feira pela aposentada Maria Santana de Jesus, 69 anos.

Quando ela chega, por volta das 6h30, já são cerca de 300 pessoas.

A idéia de distribuir comida na praça da Sé surgiu há oito anos, após um encontro do qual Maria nunca mais se esqueceu. Ela passava pelo local em uma manhã de inverno, quando viu um homem jovem e triste vestindo apenas uma calça.

“Vi que ele estava com frio e perguntei por sua roupa. Paguei um café para ele e prometi voltar no dia seguinte com agasalho e mais comida. No outro dia, nem sinal do rapaz. Perguntei a todo mundo por ele, mas ninguém sabia de nada”, relembra.

Como Maria estava com sacolas de comida e de roupa, distribuiu tudo ali mesmo, entre os moradores de rua.

“Começou um alvoroço, e eu disse: ‘Não é preciso fazer isso porque, enquanto eu estiver viva, não vão faltar café e pão para vocês toda segunda-feira’”, conta.

Maria, que ganha pouco mais de R$ 500 de aposentadoria e tem quatro filhos adotivos, paga R$ 25 por 200 pães e ganha outros cem de doação. A manteiga, o café e o chocolate em pó também são pagos do próprio bolso. A mortadela e o leite são doações.

“Eu peço a Deus que ele me ajude e me dê saúde para eu fazer isso. O resto eu posso ir buscar. Se eu ficar de cama e imaginar essa fila toda me esperando, eu vou morrer.”


Satisfação na piscina da AACD

A voluntária Carmem acompanha a aula de natação de Kethelin Galvão, de sete anos

Um dos dias mais esperados na semana da dona-de-casa Carmem Lúcia Arantes, 59 anos, é a segunda-feira, dia em que ela atua como voluntária nas piscinas da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente).

“Há dez anos, eu entro aqui e tenho esse lugar como o meu mundo, a minha vida, a minha casa”, afirma Carmem, que auxilia nas aulas de natação e também coordena um grupo de 15 voluntários.

“Ajudar uma criança a perder o medo da água ou acompanhar o desenvolvimento de um adulto, como vê-lo diminuir a atrofia muscular ou melhorar a respiração, é muito gratificante. Eu não recebo em dinheiro, mas ganho muito mais na forma de amor e carinho. Isso não tem quem pague”, afirma a dona-de-casa.

A aproximação de Carmem com a associação ocorreu há 12 anos, quando seu ex-genro sofreu um acidente e ficou paraplégico. “Sempre tive vontade de fazer algum trabalho voluntário, mas não achava tempo porque tinha uma loja para tomar conta”, relembra.

“Hoje em dia, quando vejo alguém reclamando da celulite ou da unha quebrada, digo para fazer uma visita à AACD. A gente muda a nossa visão sobre a vida quando entra lá”, completa.


Uma nova vida como cabeleireiro

Quando o vigia Querubim Pereira Prado, 57 anos, chega à casa de saúde Nossa Senhora de Fátima, em Pirituba (zona norte de SP), ele vira o centro das atenções entre as pacientes mais vaidosas.

É assim toda segunda-feira, há quase quatro anos, desde que ele se tornou responsável pelo corte dos cabelos na instituição, que atende a pessoas com problemas psiquiátricos.

Mas o manejo com as tesouras não é brincadeira de amador, é coisa séria, pois Prado também trabalha em um salão de beleza próprio.

“Sempre tive vontade de fazer alguma coisa em benefício dos outros, mas, como sou muito tímido, tinha dificuldade em tomar a iniciativa. Um dia, a minha mulher ouviu de uma freira que a casa de saúde estava precisando de um cabeleireiro, e eu me ofereci”, relembra Prado.

Nas manhãs do seu dia de folga na empresa onde trabalha como vigia, o cabeleireiro pega seu pente e sua tesoura e vai caminhando até a cada de saúde. “A última vez que faltei foi porque estava muito doente”, conta, enquanto apara as pontas dos cabelos de uma paciente.

“Quero manter o corte e só diminuir um pouco do volume na parte de trás”, orienta uma senhora, com cerca de 50 anos.

“Eu sinto muito orgulho quando termino o corte e a pessoa diz que gostou. É um serviço normal, eu pergunto como elas querem, e elas descrevem. Algumas até chegam com revistas na mão e pedem o corte da moda.”

Enquanto Prado corta as madeixas de uma paciente, a fila não pára de crescer. A cada visita, o cabeleireiro atende a cerca de 14 pessoas e outras tantas ficam para a próxima segunda-feira. Em troca, Prado ganha novas amizades.

“Como sou muito tímido, isso me ajuda. Já liguei para umas três pacientes depois para saber como elas estavam”, conta.

“Eu não faço isso com qualquer interesse. Quero fazer a minha parte para melhorar a vida das pessoas. Se todos pensassem assim, seria muito bom.”


Histórias gravadas dão acesso a cegos

A jornalista Mariangela Paganini, 49 anos, entrou no mundo dos cegos depois que a sua única filha, Lethicia, 16 anos, começou a perder a visão ainda criança. Há um ano, a garota ficou completamente cega.

Nessa época, uma das grandes dificuldades de Mariangela era encontrar livros do ensino médio adaptados para deficientes visuais.

Um dia, circulando pela biblioteca braille do CCSP (Centro Cultural São Paulo), Mariangela ouviu um usuário pedir um livro em áudio.

“Pensei que esse recurso seria a solução para que minha filha tivesse acesso a esses livros”, relembra. Assim, a jornalista passou a gravar obras para Lethicia e teve a idéia de gravar romances para aumentar o acervo da biblioteca.

“Ofereci-me para ser voluntária, fiz um teste e, no mesmo dia, saí de lá com dois livros para gravar.” Assim, ela se tornou uma “ledora de livros em tinta”, nome informal desses profissionais.

“Como eu tinha montado um estúdio improvisado em casa com uma mesa de som, passei a gravar partes sozinha e levar para editarem na biblioteca.”

Em um ano, Mariangela já gravou seis livros, entre eles “Anjos e Demônios”, de Dan Brown, com mais de 460 páginas. “Nem que seja bem tarde da noite, eu dedico o meu tempo para gravar esses livros”, diz.

Por semana, entrega cerca de três horas de áudio. Atualmente, Mariangela está gravando um livro policial. “Na hora em que me disponho a gravar, eu me concentro como se fosse qualquer trabalho remunerado. É muito estranho, não dá para explicar, enche a alma de alegria.”


Balé tira crianças carentes das ruas

Dez anos atrás, a fisioterapeuta e professora de balé Vanessa Robortella Grzywacz tinha 20 anos, morava na Vila Guilherme (zona norte de SP) e não se conformava em ver tantas crianças carentes na rua pedindo esmola ou vendendo doces.

Com a ajuda do namorado, a jovem alugou um galpão por R$ 500 no bairro e criou a Associação Arte & Vida, um espaço para essas crianças passarem a manhã tendo aulas gratuitas de balé.

“Comecei com alunas de uma creche e estendi para as irmãs delas. Depois, percebi que também precisava ensinar noções de higiene pessoal”, relembra Vanessa. Com o tempo, vieram os meninos e as aulas de reforço escolar e jiu-jítsu.

“Se uma criança faltava, eu ia à casa dela saber o porquê. Ficava inconformada ao ver que o pai dela não conseguia arranjar emprego e que ela não tinha o que comer. Eu queria mudar o mundo sozinha.”

Hoje, o espaço atende a 160 crianças. Uma das professoras voluntárias é Wadila Medeiros, 19 anos, que participa da Arte & Vida desde que tinha dez anos, quando começou como aluna.

Neste mês, ela se formou professora e já conseguiu o seu primeiro emprego. “Quando soube que ela ia começar a trabalhar, fiquei muito orgulhosa.”

Reportagem publicada na Revista da Hora do dia 23/12/07

Fotos: Agora SP

24 de dezembro de 2007

Altruísmo

Primeiro texto (quase) exclusivo do “de alguma redação”.

Durante a primeira semana de deste mês, me dediquei a uma pauta sobre pessoas que se doam aos outros, daquelas típicas de fim de ano e que todo mundo fez em 2007.

A matéria já começou com a generosidade dos colegas, que indicaram os mais diversos personagens. Tudo ainda superficial. Sete perfis selecionados, hora de se aprofundar nessas histórias, saber o que faziam, quando, onde, o que, e por qual motivo ajudavam os outros.

Entre os personagens selecionados para a pauta, dona Maria foi a que mais me chamou a atenção. É uma senhora de 69 anos, conversadora e que vive de aposentadoria e de ajudar os outros.

Por causa dela, acordei às 5h e saí de casa quando ainda nem tinha amanhecido aqui em SP. Algo pra lá de exótico para quem trabalha no período da tarde e da noite.

O resto da história está no texto abaixo, escrito sem limitação de espaço. É óbvio que, quando a página com o tamanho certo chegou, eu tive de cortar o texto praticamente pela metade.

Mas eu tinha gostado tanto dela e da sua história que eu resolvi destrinchar apenas uma cópia dele e publicar o original aqui.

A reportagem completa, com todos os personagens, foi publicada ontem, dia 23/12/07. Dona Maria aparecerá por aqui novamente amanhã, mas com menos linhas...


São pouco mais de 6h e uma pequena fila começa a se formar próxima à escadaria do metrô, na praça Sé (região central de São Paulo). A fila, organizada e discreta, começa com cerca de 30 pessoas.

São desempregados e moradores de rua que esperam ansiosamente pelo café da manhã trazido uma vez por semana pela dona-de-casa Maria Santana de Jesus, 69 anos.

Quando ela chega, por volta das 6h30, já são mais de 300 pessoas.

A idéia de distribuir café da manhã na praça da Sé surgiu oito anos atrás, depois de um encontro que Maria chama de mágico. Ela passava pela praça em uma manhã de inverno quando viu um homem jovem, bonito e vestindo apenas uma calça, debaixo de uma garoa fina.

“Vi que ele estava com frio e perguntei pela roupa dele. Ele disse: “Só tenho isso”. Eu paguei um café para ele e prometi voltar no dia seguinte com roupa e mais comida. No outro dia, nem sinal dele. Perguntei a todo mundo por ele, mas ninguém sabia de nada.”

Como Maria estava com sacolas de comida e de roupa, distribuiu tudo ali mesmo, entre os moradores de rua.

“Começou um alvoroço e eu disse: ‘Não precisam fazer isso porque, enquanto eu estiver viva, não vai faltar café e pão para vocês toda segunda-feira’.”

Desde então, Maria conta que não faltou nenhum dia sequer. “Eu peço a Deus que ele me ajude e dê saúde para eu fazer isso. O resto eu posso ir buscar. Se eu ficar de cama e imaginar essa fila me esperando, eu vou morrer.”

Os pãezinhos são preparados no domingo à tarde. Maria, que ganha de aposentadoria pouco mais de R$ 500, paga R$ 25 para comprar 200 pães e ganha outros cem de doação.

A manteiga, o café e o chocolate em pó também são pagos do próprio bolso. A mortadela e o leite vêm de doações.

“Minha vida mudou muito daquele dia para cá. Eu estava me separando na época e meu marido bebia. Tinha muita bagunça na minha vida. Depois desse encontro, tudo ficou na paz. Foi um anjo que apareceu para mim.”, afirma a dona-de-casa, que tem quatro filhos adotivos.

No começo, Maria distribuía sozinha apenas 50 pães e ia de ônibus toda manhã de segunda-feira do Jardim São Bernardo (zona sul de SP).

Com o tempo, a quantidade de comida aumentou e Maria precisou da boa vontade de amigos para ter um carro que a levasse até a Sé. “Hoje, a única coisa que falta é um carro para fazer esse serviço, porque um dia tem mas no outro pode não ter”, lamenta.

19 de dezembro de 2007

Quando a bicharada é maioria

POR CLAUDIA SILVEIRA

O gosto por animais de estimação chega a ser tão forte em algumas pessoas que elas não se contentem em ter apenas um companheiro, um casal ou, no máximo três para fazer-lhe companhia.

Esse é o caso da designer Denise Toni Lopez, 50 anos. Ela cria 12 gatos e chegou a trocar o apartamento onde vivia por uma casa que desse mais conforto para os seus felinos.

O primeiro gato, Brad, Denise ganhou há cerca de seis anos. Um ano depois, chegou o segundo, a fêmea Cindy. Seu companheiro de número 12 se juntou à família há dois meses, e a designer se prepara para adotar mais um. “Ele vive em uma gaiola há dois anos, e só preciso ir buscá-lo”, diz.

Pode até ser divertido ter um monte de animais de estimação, mas a bicharada dá um trabalho danado e exige tempo, dinheiro e paciência do criador. Denise chega a gastar R$ 500 por mês com seus gatos. A quantia não inclui doenças ou qualquer imprevisto, como acidentes.

“Todos os dias, eu tenho de trocar a areia da caixinha, passar aspirador de pó por toda a casa porque tem muito pêlo espalhado e, antes de dormir, coloco ração com patê de carne para eles comerem”, descreve Denise.

Mas não adianta achar que é só dar casa, comida e limpeza para deixar o animal feliz. “Se são muitos, o dono não tem condições de dar carinho e atenção para todos eles de forma igual. Isso pode acarretar em estresse”, alerta a veterinária Elisabeth Estevão, professora da Facis (Faculdade de Ciências da Saúde de SP).

Muitos bichos de estimação juntos formam o ambiente ideal para a proliferação de doenças e, quanto maior a convivência entre eles, mais fácil de um passar para o outro.

Se a relação entre todos for boa, ótimo. Se não, mais trabalho para o dono, que precisa fazer um rodízio de permanência entre os companheiros pela casa. “É importante promover um espaço de socialização e lazer e outro de privacidade”, orienta Elisabeth.

O hábito de recolher animais na rua ou em risco de morte pode até ser um hábito de extrema generosidade, mas não é visto com bons olhos pela psicóloga Kátia Aiello, especialista na relação entre homem e animais.

Segundo a psicóloga, pessoas que têm esse costume sentem uma enorme vontade de ajudar, mas, ao mesmo tempo, são infelizes por não conseguirem livrar todos os bichos do abandono. “Sempre vai existir um animal na rua, e a pessoa sempre vai sofrer por causa disso”, diz.

Em alguns casos, esse amor incondicional pelos bichos pode esconder um distúrbio de comportamento.

“Ter muitos animais deixa de ser saudável quando a pessoa extrapola suas condições de criar com conforto e higiene, não sabe a hora de parar e passa a viver em função deles”, exemplifica Kátia.

Antes de encher a casa de bichos de estimação, a dica não é se perguntar quantos animais adotar, mas quantos é possível criar com dignidade.


Como conviver em harmonia com muitos companheiros

- Cuide bem da alimentação dos seus animais. Não é porque você cria muitos que vai comprar uma ração mais barata e de menor qualidade nutricional para economizar

- Reunir vários bichos de estimação em um único espaço é sinônimo de muita sujeira. Não deixe os bichinhos em um local com fezes, urina e restos de comida

- Só crie muitos animais juntos se o espaço oferecido for suficiente para proporcionar conforto, privacidade e oportunidade de lazer

- Mantenha a saúde dos companheiros sob constante vigilância. Não dispense a ajuda do veterinário

- Para evitar períodos de cio e filhotes indesejados, é indicado castrar todos os animais que convivem juntos, independentemente do sexo

- Caso algum dos animais adoeça, separe-o dos demais para evitar contágio ou desconforto para o doente e ter condições de cuidar dele com mais atenção

Reportagem publicada na Revista da Hora do dia 19/11/06

18 de dezembro de 2007

Reutilização de óleo na fritura faz mal

POR CLAUDIA SILVEIRA

Coxinha, croquete, bata frita. Ai deles se não fosse o óleo em alta temperatura para deixá-los crocantes e deliciosos. Até aí, tudo é uma delícia. O problema é quando o óleo usado na fritura já foi aquecido anteriormente, o que causa a perda da sua qualidade inicial.

Segundo a farmacêutica doutora em vigilância sanitária Eliana Rodrigues Machado, do Instituto Nacional de Controle de Qualidade de Saúde da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), o óleo comestível produz naturalmente centenas de substâncias quando é submetido a altas temperaturas.

No processo de fritura, o alimento é submerso em óleo quente na presença de ar. Há ainda a interação com outros agentes, como água e componentes dos alimentos. Isso já é o início da sua degradação, deixando-o inapropriado para a reutilização sucessivas vezes.

“Não é degradação por causa da contaminação por bactérias, mas por substâncias químicas que podem ter efeito irritante [no estômago]”, complementa o infectologista Paulo Olzon, chefe da disciplina de clínica médica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Entre essas substâncias químicas, a farmacêutica Eliana cita a acroleína, que é utilizada como herbicida em plantações.

“Existem suspeitas de que ela seja cancerígena, mas ainda não há nada confirmado cientificamente”, diz. O que já se sabe é que a acroleína é irritante dos olhos e do sistema respiratório.

A degradação é inevitável uma vez que o óleo foi aquecido. Para tornar esse processo mais lento, o ideal é deixar a panela tampada sempre que possível durante a fritura, para diminuir o contato do produto com o oxigênio e com a luz.

Após o uso, o ideal é jogá-lo fora, mas não diretamente na pia. Coloque o produto dentro de uma garrafa plástica, por exemplo, e jogue-o no lixo ou encaminhe para ONGs que trabalham com reciclagem de óleo comestível.



Saiba mais

Como posso perceber que um óleo está estragado?
O produto deve ser descartado quando começar a formar espuma durante a fritura, escurecimento intenso da sua coloração e do alimento. À medida que o óleo vai se degradando, o aroma liberado passa a ser desagradável. A partir desse ponto, a fritura produz muita fumaça _que tem aspecto diferente do vapor liberado naturalmente_, fica oleosa em excesso e, às vezes, o centro do alimento não fica totalmente cozido.

É preciso tomar algum cuidado especial com a temperatura durante o cozimento?
Sim. O ideal é que a temperatura não passe dos 180ºC. Mas não é porque o aquecimento não passou disso que o óleo não vai estragar.

Posso misturar óleo novo com um que já está sendo usado?
O ideal é não acrescentar ao produto em uso na panela um novo, pois, ao completá-lo, a degradação do óleo adicionado será muito mais rápida.

Se o óleo tiver sido pouco usado, qual a melhor forma de guardá-lo?
O ideal é não reutilizar, mas, caso haja necessidade, o óleo deve ser filtrado e armazenado em recipiente tampado e protegido da luz. Se o intervalo entre os usos for longo, guarde-o na geladeira.

Reportagem publicada na Revista da Hora do dia 19/08/07

14 de dezembro de 2007

Leve a primavera para o seu prato


POR CLAUDIA SILVEIRA

A idéia de colocar uma flor na boca, mastigá-la, sentir o sabor e engoli-la não é novidade na culinária do dia-a-dia. Pelo menos para quem come alcachofra, brócolis ou couve-flor.

Esses alimentos, que são popularmente chamados de hortaliças ou verduras, na verdade, são flores. Excêntrico é quando se fala em comer flores ornamentais, como a calêndula, o hibisco, a rosa ou o cravo, ingredientes pouco populares na culinária brasileira.

A chegada da primavera pode ser o empurrãozinho que faltava para experimentar o sabor desses alimentos. A salada de alface, por exemplo, pode ficar muito mais bonita com o colorido de algumas pétalas.

O botânico Gil Felippe, autor do livro “Entre o Jardim e a Horta: as Flores que Vão para a Mesa” (ed. Senac São Paulo), sugere usar a criatividade e adicionar flores à água que virará gelo ou à gelatina.

Para Felippe, além do preconceito ao uso desse alimento na culinária, outro entrave para um prato florido é a pouca oferta no comércio. “São pouco os supermercados que têm flores”, observa.

A saída é cultivar as próprias flores comestíveis em um cantinho da casa, sai mais barato e nem dá tanto trabalho. O único cuidado deve ser com a contaminação.

“A planta pode até ser criada em vasos ou no jardim, mas deve ser protegida de insetos e de animais domésticos”, orienta Felippe.

Se há dúvida sobre qual flor ornamental cultivar, uma dica é optar pelo capuchinho, uma das mais populares entre as comestíveis.

A vantagem dela em relação às outras é que essa espécie contêm luteína, uma substância que atua prevenindo a degeneração macular, grande causa de cegueira entre os idosos.

“A capuchinho amarela é a que tem maior quantidade de carotenóides, mas não é toda flor amarela que tem essa substância”, diz a engenheira de alimentos Patrícia Yuasa Niizu, mestre em ciência dos alimentos pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

E não é porque é flor que será doce. “A vantagem da capuchinho em relação às outras flores é que ela não tem sabor floral. O gosto dela é um pouco picante e parecido com o do agrião.”

Mas não adianta comer uma flor de olho nos nutrientes porque os estudos sobre flores comestíveis são muito escassos no Brasil, e, para que o corpo sinta qualquer benefício, o consumo deveria ser em grande quantidade.

O que já se sabe é que as pétalas têm cerca de 90% de água em sua composição. Por isso, o ideal é optar por uma dieta equilibrada e florida, se possível.


Saiba mais

Qualquer flor é comestível?
Não. Muitas são venenosas ou tóxicas, contendo substâncias nocivas ao homem. Quem tem asma deve tomar cuidado ao ingerir pétalas de qualquer flor porque o pólen pode provocar forte reação alérgica. Uma dica para não correr riscos é consumir flores vendidas como comestíveis em supermercados, cultivadas em casa ou diretamente de produtores que seguem as regras de cultivo orgânico, sem agrotóxicos. Também não se deve colher flores na beira de estradas ou em parques públicos, pois elas podem ter sido contaminadas por substâncias químicas ou por animais.

Posso comer flores que se transformam em frutos?
Se todas as partes de uma planta ou do fruto que ela produz são comestíveis, a flor também é. Mas nem todas as flores dessas plantas têm gosto agradável. O jeito é experimentar e tirar as próprias conclusões.

Toda flor tem o mesmo sabor?
Não, mas, para saber o sabor de cada uma, só experimentando. As pétalas de violeta, rosa e lavanda têm gosto adocicado; a calêndula pode substituir o açafrão; e as flores das ervas aromáticas têm aroma mais acentuado que o das folhas.

Reportagem publicada no dia 30/09/2007

11 de dezembro de 2007

Alho-poró é saboroso e funcional

POR CLAUDIA SILVEIRA

Parente próximo da cebola, o alho-poró tem mais semelhanças com a sua prima do que com o parente de nome parecido, o alho.

Incluída no preparo de alimentos, a hortaliça deixa a comida mais nutritiva pois é uma boa fonte de carotenóides (vitamina A) e possui quantidades expressivas de vitamina C e sais minerais, como potássio, cálcio e fósforo, segundo a nutricionista Roseli Rossi, especialista em administração e organização de serviços alimentares.

A sua propriedade mais significativa é a de proteger contra o câncer de estômago. E, por ser um alimento funcional, seus benefícios não param por aí: “Como as cebolas, o alho-poró pode ajudar a reduzir o colesterol, além de ser um ótimo alimento desintoxicante por estimular as enzimas do fígado a fazerem a desintoxicação de xenobióticos, que são substâncias tóxicas”, descreve a nutricionista Daniela Jobst, especialista em nutrição-clínica funcional e em fisiologia do exercício.

Mas não é todo mundo que pode consumir o alimento. Segundo Daniela, ele é contra-indicado para lactantes porque pode provocar cólicas no ventre da criança, para recém-nascidos e para pessoas com pressão baixa, hipertireoidismo não controlado e que usam medicamentos para controlar o nível de açúcar no sangue.

A lista também inclui quem sofre de insuficiência renal. Mas, nesses casos, não precisa riscar o alho-poró da dieta. É só consumi-lo cozido para diminuir a quantidade de potássio presente em sua composição.

Se não há restrições para o seu consumo, vale a pena usar o alho-poró como tempero ou ingrediente de pratos variados, pois ele possui sabor requintado e confere um aroma agradável às saladas, por exemplo.


Saiba mais

Em quais pratos o alimento pode ser usado?
O alho-poró é útil em uma variedade de pratos. A parte branca pode ser fatiada e incorporada a preparos de peixes, aves e carnes e a cremes em geral, como molhos e patês. Suas folhas são muito utilizadas para fazer sopas e caldos, assim como se faz com tiras de couve-manteiga. Uma sugestão é fervê-lo e servir o caldo peneirado com batatas. Pode-se também refogá-lo em caldo sem gordura para ser servido quente ou pincelá-lo levemente com azeite de oliva e grelhá-lo para servir com legumes. Uma boa dica é utilizá-lo como recheio de sanduíches e como temperos de massas, tortas e pães.

O alimento pode ser ingerido cru ou deve ser sempre cozido?
Pode ser consumido das duas maneiras, dependendo do gosto de cada um. Mesmo sendo inteiramente comestível, a maioria das pessoas prefere comer a parte branca e polpuda da base e as macias folhas internas do alho-poró. É comum descartar as folhas mais escuras e amargas do topo. É importante lavar o alho-poró bem antes do preparo, pois ele acumula grande quantidade de terra.

Quantas calorias tem o alho-poró?
Meia xícara do alimento picado e cozido contém apenas 15 calorias, sendo 25 miligramas de vitamina C e 16 miligramas de cálcio, além de uma pequena quantidade de niacina.

É verdade que o alimento pode provocar mau hálito e gases?
Não. Apesar de ser da mesma família da cebola e do alho tradicional, ele não causa esses desconfortos já que não possui quantidade significativa de alicina, substância responsável pela produção de enxofre, que causa o mau hálito comum após o consumo desses outros alimentos.

Reportagem publicada na Revista da Hora do dia 09/12/07

9 de dezembro de 2007

Tudo sobre a gelada

POR CLAUDIA SILVEIRA

Foi-se o tempo em que, para impressionar os amigos em uma festa, era só chegar com uma garrafa de vinho a tiracolo.

As cervejas importadas estão conquistando cada vez mais apreciadores. Prova disso é que os bares têm aumentado sua carta de rótulos,oferecendo cada vez mais opções ao consumidor. Muitas casas decidiram apostar na variedade para atrair novos fregueses (confira nas págs. 12 a 15).

“A gente percebeu que havia esse nicho de mercado e decidiu aumentar a oferta. Queremos colocar novas marcas nos próximos meses”, diz Cristiano Mendes, um de decidiu aumentar a oferta. Queremos colocar novas marcas nos próximos meses”, diz Cristiano Mendes, um dos proprietários do Pier Paulista, que oferece 17 marcas.

Nessa onda de cervejas especiais, algumas estão se popularizando por aqui. É o caso das uruguaias Norteña e Patricia, que custam cerca de R$ 10 a garrafa de quase um litro. A alemã Erdinger (500 ml), que sai na faixa dos R$ 13, também é popular em terras brasileiras.

Mas há até a belga Deus, que pode chegar a R$ 260, a garrafa de 750 ml. E a mudança no gosto do consumidor cervejeiro também pode ser notada nas prateleiras dos supermercados, que já oferecem diversas marcas (leia mais ao lado).

O vendedor Lucas Porto, 29 anos, pertence ao público-alvo desses estabelecimentos. “Se não conheço uma cerveja, olho o rótulo, a nacionalidade e a matéria-prima. Gosto de cerveja boa, mas com preço acessível”, diz.

Segundo o mestre-cervejeiro Rubens Mattos, doutor em técnica de alimentos pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a maior presença de cervejas importadas também tem feito o mercado para cervejeiros artesanais no Brasil crescer. “Isso já aconteceu nos Estados Unidos e agora ocorre aqui.”

E, se o gosto está mais sofisticado, o modo de servir também. A “estupidamente gelada” pode dar lugar a cervejas servidas entre 4ºC e 15ºC. Segundo especialistas, essas temperaturas não comprometem a identificação do sabor.

E, já que cerveja pede petisco, que tal apostar em uma refeição completa? Falar de harmonização de pratos com vinhos já está ultrapassado. Para impressionar, vale apostar na versatilidade da cerveja. A dica do cervejeiro artesanal e gastrônomo Edu Passareli é: “Pratos leves, cervejas leves; pratos complexos, cervejas complexas.”

Uma questão de idade

Cerveja tem data de validade e dura, em média, seis meses. Quanto mais perto do fim desse prazo, inferior será a sua qualidade.

“Com até um mês de fabricação, ela é considerada nova. Depois disso, não é que já esteja velha, mas não está mais tão fresquinha”, explica a engenheira de alimentos Priscila Becker Siqueira.

A diferença entre a nova e a velha pode ser sentida no paladar. A cerveja já passou do ponto quando está com sabor e cheiro ruins. Isso não quer dizer que ela se tornou tóxica, só passou a ser desagradável e não vale mais a pena bebê-la. Para não comprar cerveja vencida, prefira as que foram conservadas longe da luz e do calor. E, quanto maior for a rotatividade do estabelecimento, melhor.

Vale lembrar que cerveja é proibida para menores de 18 anos. Deguste com moderação!



Supermercados já entraram na onda

Os supermercados também querem lucrar com a moda das cervejas especiais. Tanto que as grandes redes varejistas estão incrementado as prateleiras e apostando em marcas estrangeiras. A variedade não deixa a desejar em relação a alguns bares, e o preço costuma ser mais camarada.

No Wal-Mart Supercenter, por exemplo, é possível encontrar mais de 40 rótulos de oito países. O produto mais em conta é a lata da Budweiser pilsen (R$ 1,68).

No Carrefour, são mais de 50 rótulos da Inglaterra, do Uruguai e da França, entre outros países. Lá, é possível encontrar a alemã Spaten München por R$ 5,59 (500 ml) e a uruguaia Pilsen por R$ 6. O Extra tem a alemã Löwenbräu (330 ml) por R$ 3,65. Não faltam opções para encher o carrinho e experimentar diferentes sabores.


Amigos gostam de brindar com uruguaias

Sempre que sai para beber com os amigos, a estudante universitária Karen Grace, 36 anos, opta pela cerveja por ser “uma bebida bem social, ótima para apreciar em grupo”.

Essa foi a escolha na ocasião em que ela botou o papo em dia com o vendedor Claudio Vital, 36 anos, e o administrador de empresas Ismael Baubeta, 40 anos. A bebedeira foi na padaria Tortula.

“Eu gosto de experimentar marcas novas porque a gente acaba descobrindo muita coisa boa, mas sempre volto para as uruguaias”, conta Karen, revelando a sua preferência.

A pedida do dia foi a Patricia. “Do Uruguai, é a minha preferida”, avalia Vital, que também conta ser um apreciador da bebida. “Não perco uma oportunidade de conhecer novas marcas.”

Reportagem publicada na Revista da Hora do dia 11/11/07

7 de dezembro de 2007

Ossos pedem mais que apenas cálcio

POR CLAUDIA SILVEIRA

Quando se fala em saúde dos ossos, a primeira substância que nos vem à mente é o cálcio. O mineral, de fato, é muito importante para a saúde da estrutura óssea, mas ele não age sozinho no organismo e precisa de outros nutrientes para dar conta da missão: as vitaminas D e K, o magnésio e o fósforo.

Cada uma dessas substâncias tem a sua função. A vitamina D ajuda o organismo a absorver o cálcio no intestino e a fixá-lo nos ossos; e a vitamina K e o fósforo atuam na formação dessa estrutura. O magnésio é importante para a calcificação, ou seja, o depósito de cálcio nos ossos.

O problema é que a população brasileira não está consumindo a quantidade ideal de todos esses minerais, de acordo com o Brazos Osteoporose, o primeiro estudo que investigou na população brasileira os fatores de risco para fraturas e quedas e que foi desenvolvido pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e pela faculdade de saúde pública da USP (Universidade de são Paulo). A pesquisa avaliou 2.420 pessoas, com 40 anos ou mais.

De acordo com o reumatologista da Unifesp Marcelo Pinheiro, coordenador do estudo, já era esperado um consumo abaixo do ideal, mas não em níveis preocupantes.

“O consumo diário recomendado de cálcio é de 1.200 miligramas, mas a população consome, em média, apenas 400 miligramas”, diz. O consumo de vitamina D, detalha Pinheiro, era 80% abaixo do ideal, e de vitamina D, cinco vezes menos do que o necessário.

O único mineral encontrado no limite máximo do recomendado foi o fósforo, mas isso não é motivo para comemoração entre os pesquisadores porque a fonte de fósforo são refrigerantes, carnes e alimentos que contêm conservantes, como os enlatados.

“Observamos que quem tinha excesso desse mineral apresentava maior chance de sofrer fraturas por um mínimo trauma”, relata Pinheiro.

O consumo abaixo do recomendado desses nutrientes essenciais não é o único vilão da saúde dos ossos. “O excesso de sal, proteína, gordura, cafeína e refrigerantes na alimentação aumenta a excreção urinária de cálcio, ou seja, o organismo joga o mineral fora sem absorvê-lo”, alerta a nutricionista Daniela Jobst, especialista em nutrição clínica funcional e em fisiologia do exercício.


Saiba mais

Em quais alimentos posso encontrar os nutrientes essenciais para os ossos?
O cálcio pode ser encontrado principalmente no leite e nos seus derivados, mas também no repolho, no tofu (queijo de soja) e nos vegetais verde-escuros. A vitamina K está presente em vegetais folhosos verde-escuros e no azeite. As fontes de magnésio são o tofu, os legumes, os frutos do mar e os alimentos feitos de grãos integrais. A vitamina D é encontrada no peixe, na gema do ovo e no azeite e também é produzida pelo organismo. Para isso, é necessário se expor ao sol durante, no mínimo, 20 minutos, todos os dias.

Devo consumir esses alimentos todos os dias?
Sim. O ideal é que a quantidade varie entre quatro e cinco porções de cada grupo de nutrientes. Pode parecer difícil, mas uma dieta que inclui arroz, feijão, carne, frutas, verduras, peixe, leite e derivados e azeite já contribui para a saúde dos ossos. Mas muito cuidado com o ovo: seu consumo não deve exceder três vezes por semana.

O consumo de leite e dos seus derivados é suficiente para suprir as necessidades de cálcio?
O ideal é que essas não sejam as únicas fontes porque o ser humano absorve apenas 30% do cálcio do leite. Por isso, os outros alimentos, como o repolho e o tofu, também devem ser consumidos com esse objetivo. Outro cuidado é não consumir na mesma refeição alimentos ricos em cálcio e em ferro porque esses dois minerais “competem”, e um inibe a absorção do outro.

Fontes: Daniela Jobst, nutricionista especialista em nutrição clínica funcional e em fisiologia do exercício, e Marcelo Pinheiro, reumatologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)

Reportagem publicada na Revista da Hora do dia 07/10/07

Escolha o seu tipo de carne bovina

POR CLAUDIA SILVEIRA

Ao comprar carne bovina para o almoço, a maioria dos consumidores leva em consideração o preço e o sabor do alimento no prato. Outros observam, além dessas características, os efeitos do consumo da carne no organismo, ou seja, se ela é saudável ou não. A quantidade de lipídios (gordura), minerais, proteínas e até de calorias varia em cada pedaço do boi. O mesmo acontece com o colesterol, considerado o vilão de um sistema cardiovascular saudável.

E foi em busca de uma carne mais benéfica para a saúde que o zootecnista Gustavo Del Claro, da faculdade de zootecnia e engenharia de alimentos da USP (Universidade de São Paulo), conseguiu diminuir em até 30% a quantidade de colesterol no alimento. Para isso, Del Claro quadruplicou a quantidade de cobre que costuma ser adicionada à ração do animal.

“Já sabemos que a substância atua no sistema imune, na formação óssea e na função cardíaca, mas constatamos que ela também atua no metabolismo de lipídios”, conta o pesquisador, que analisou apenas o contrafilé, mas acredita que o benefício tenha se estendido a todo o boi.

Em que isso influi na saúde dos humanos? em muita coisa. Segundo a nutricionista Mariângela Saravali, do Hospital 9 de Julho, existem duas fontes de colesterol: o que comemos e o que consumimos. Se a carne que a gente leva à boca tiver menor quantidade dessa substância, mais saudável será uma dieta.

Essa novidade ainda vai demorar para se popularizar nos criadouros e chegar às prateleiras dos supermercados, mas, até lá, dá para escolher uma carne mais saudável conhecendo as características dos cortes da carne bovina.

“A quantidade de gordura é inversamente proporcional à quantidade de proteínas”, diz Pedro Eduardo de Felício, professor titular da faculdade de engenharia de alimentos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Ou seja, quanto mais gordura tem um pedaço de carne, mais saboroso ele é, porém, menos proteínas ele tem. Sabendo disso, é pesar o que é mais importante: sabor ou benefícios à saúde.


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Como posso escolher o corte mais saudável do boi?
Preste atenção na quantidade de gordura. Quanto menos, melhor. Mas saiba que, mesmo sendo possível tirar a gordura com uma faca, como na picanha, a carne ainda vai possuir a substância em sua parte vermelha.

Quanto mais gordura a carne tem, mais colesterol ela possui?
Não necessariamente. O acém, por exemplo, possui 6,1 gramas de lipídios e 53 miligramas de colesterol. Já a costela possui 31,8 gramas de lipídios e apenas 44 miligramas de colesterol.

O que determina o preço de um corte de carne?
Essa definição de preço nada mais é do que reflexo da demanda e da procura. Como os restaurantes especializados preferem os cortes mais nobres e saborosos, chamados carne de primeira (como picanha, filé e maminha), eles costumam ser mais caros. O que sobra _a carne de segunda_ tem menor demanda e custa menos para o consumidor. De forma geral, essa é a regra.

A carne de segunda, então, é mais barata porque é ruim?
Não. A carne de segunda (como acém, músculo, fraldinha e capa de filé) é menos cobiçada porque demanda maior tempo de cozimento. Geralmente indicada para cozidos, esse tipo de carne possui maior quantidade de colágeno, ou seja, o longo e intenso cozimento vai transformar esse colágeno em gelatina, amaciando a carne.

É verdade que o cupim é um corte que não se deve ser consumido porque tem muita toxina?
A afirmação de que o cupim concentra maior quantidade de toxinas provenientes de vacinas e hormônios não passa de mito. Não há comprovação científica desse acúmulo.

Fontes: Pedro Eduardo de Felício, professor titular da faculdade de engenharia de alimentos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e tabela brasileira de composição de alimentos, feita pela Unicamp com os ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

Reportagem publicada na Revista da Hora do dia 16/09/2007

6 de dezembro de 2007

Com a agenda lotada

POR CLAUDIA SILVEIRA

Um bom emprego, um marido dedicado e filhos lindos. O sonho de muitas mulheres nem sempre significa felicidade. Por quê? Simples. Ao assumir um monte de funções e tentando agradar a todos, as mulheres acabam fazendo muitas tarefas das quais não gostam. Ao contrário dos homens, que evitam atividades que não lhes fazem bem.

Essa é a constatação de duas pesquisas recentes realizadas por universidades norte-americanas. Um dos levantamentos, feito pelos economistas Betsey Stevenson e Justin Wolfers, da Universidade da Pensilvânia, mostra que, nos anos 70, a mulher costumava gastar 23 horas por semana exercendo atividades que considerava desagradáveis. Quarenta minutos a mais do que os homens.

Hoje, elas continuam gastando o mesmo tempo em atividades das quais não gostam, enquanto seus parceiros passaram a desperdiçar ainda menos o seu tempo. A diferença entre os dois sexos subiu para 90 minutos.

A psicóloga clínica Patrícia Gugliotta, mestre em saúde mental pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), analisa os números como resultado da maior responsabilidade que a mulher adquiriu.

“Ao buscar a sua realização profissional, a mulher começou a levar dinheiro para dentro de casa, passou a ajudar na renda e a dividir as despesas. Mas as tarefas do lar continuaram com ela. Quando o homem resolve participar, é apenas para dar uma ajuda. Ele faz junto, não no lugar dela. As responsabilidades da mulher triplicaram”, observa.

No entanto, a psicóloga pondera que não dá para generalizar esses números. “Tem mulher que consegue se dividir em inúmeras funções e não se estressa com a sua realidade, já outras não conseguem se dividir em mil.”

Letícia Henrique, 38 anos, atriz, advogada, estudante universitária e apresentadora de TV, é um exemplo dessa mulher superatarefada que mantém a cuca fresca por priorizar momentos para fazer o que gosta. Ela trabalha, é responsável pelas contas da casa, tem um filho adolescente e não deixa de fazer o que gosta, como praticar atividades físicas e se entregar à manicure.

“Minha vida é uma correria e não consigo ficar parada. Quando tenho algum horário livre, arrumo alguma coisa para fazer. Mas não posso dizer que fico triste, sou muito feliz com isso tudo”, diz.

Letícia não vê problema em uma agenda lotada, mas afirma que passou a ser seletiva com a quantidade de trabalho que assume em função do seu bem-estar. “Hoje em dia, recuso trabalhos se percebo que serão desgastantes ou não me farão bem”, conta a apresentadora, mostrando que desenvolveu estratégias para gastar o seu tempo fazendo coisas que também podem dar prazer.

Reportagem publicada na Revista da Hora do dia 04/11/07

5 de dezembro de 2007

Má alimentação pode influir no humor

POR CLAUDIA SILVEIRA

É só alguém começar uma dieta muito restritiva para os amigos saberem que lá vem mau humor. O que a gente come e o que deixa de comer tem relação mesmo com o nosso ânimo.

“O fato de ficarmos muito tempo sem nos alimentarmos reduz, por exemplo, os níveis de glicose [açúcar], o que pode afetar negativamente o humor”, explica a nutricionista Camila Zago, do Hospital São Camilo.

A mesma relação de escassez e mau humor vale para os carboidratos, substâncias presentes nos pães e massas e os primeiros a serem abolidos quando alguém quer perder peso rápido.

“Uma alimentação pobre em carboidrato por vários dias pode levar a alterações de humor e depressão, assim como uma alimentação com excesso de proteínas”, diz Camila. Ou seja, não é porque passou um dia sem comer um pãozinho que a pessoa vai ficar chata.

Isso acontece porque a falta de comida atrapalha o desenvolvimento de neurotransmissores, substâncias que transmitem os impulsos nervosos para o cérebro. Os principais são serotonina, dopamina, noradrenalina e acetilcolina. O mais estudado é a serotonina, cuja produção aumenta após consumirmos determinados alimentos, sobretudo os doces.

Segundo orientação da nutricionista Mariana Del Bosco Rodrigues, da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), o segredo é apostar no equilíbrio. “Não é proibir alimentos como o chocolate, mas passar por uma reeducação alimentar. Modificando alguns hábitos, é possível ter mais saúde e disposição.”

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Existem alimentos que dão ânimo?
Sim. A pimenta vermelha é um deles: consumida durante as refeições, estimula a ação do sistema nervoso e o aumento da liberação de noradrenalina e adrenalina, ambos responsáveis pelo estado de alerta e melhora de ânimo em pessoas já deprimidas. Outro alimento indicado é o cafezinho. Ele pode prevenir a depressão, auxiliar a memória e o estado de alerta. Mas precisa ser o café coado em filtro de papel e entre três e quatro copinhos de 50 mililitros por dia. Se a irritação estiver muito grande, vale tomar chá de camomila, que tem efeito relaxante, acalma crises de nervosismo, ameniza a ansiedade e a depressão.

É verdade que o chocolate é um santo remédio para o mau humor?
O chocolate (e o açúcar também) contém a tirosina _uma substância que estimula a produção de serotonina_ e minerais importantes como cobre, manganês e magnésio (nutriente que fica em falta no período pré-menstrual). O doce também dispara a produção de endorfina e dopamina, que são responsáveis pelo relaxamento. O melhor é dar preferência ao chocolate meio amargo, mas sem exageros. Basta uma barrinha pequena por dia para ajudar no humor.

Existe alguma substância que possa combater ou prevenir o desânimo ou o mau humor?
Sim, e ela é natural: o ácido fólico. Ele é uma potente vitamina antidrepressiva. Em baixas concentrações no organismo, diminui os níveis cerebrais de serotonina. O ácido fólico pode ser encontrado no espinafre, no feijão branco, na laranja, no aspargo, na maçã e na soja.

Reportagem publicada na Revista da Hora do dia 11/11/07

Pequenos também têm dor de cabeça

POR CLAUDIA SILVEIRA

As dores de cabeça não poupam nem as crianças. As cefaléias, como são chamadas essas dores, podem ser causadas por tensão, enxaqueca ou pelas duas coisas associadas. Os medicamentos até trazem alívio, mas não são garantia de que a dor não vai voltar.

A pedagoga Alessandra Tonetti Pavão, 37 anos, sofreu com o seu filho mais novo, Felipe, 8 anos. “Há uns dois anos, ele começou a se queixar de muita dor na cabeça, nos olhos e de enjôo. Dávamos remédio, os sintomas passavam, mas sempre voltavam. Levamos o Felipe ao oculista porque achávamos que era um problema de vista”, conta a mãe, que tem outro filho, Diego, 11 anos, que nunca sentiu dor alguma.

Como não foi detectado nenhum problema de visão no Felipe e as dores continuaram, Alessandra procurou um neurologista. Foi quando descobriu que seu filho sofria de enxaqueca, assim como sua mãe e sua irmã.

“Nunca passou pela minha cabeça que poderia ser isso. Eu achava que era coisa de adulto. Ele fez tratamento e, desde o começo do ano, não sente mais nada.”

O procedimento é esse mesmo. Quando as dores se tornam repetitivas, os pais devem procurar um médico, como fez Alessandra.

“A maioria das dores não tem relação com patologias mais graves, mas, se elas persistirem por semanas e forem acompanhadas de vômitos e sonolência, é preciso procurar um médico imediatamente, pois pode ser algo sério”, orienta o neurocirurgião João Luiz Pinheiro Franco, do Hospital Santa Paula.

Toda vez que a criança reclamar de uma dor isolada, vale dar uma olhada no que ela andou comendo, pois refeições desequilibradas podem provocar dores de cabeça. “Existem fatores alimentares que desencadeiam dores fortes, como a enxaqueca. O queijo amarelo e o chocolate são alguns exemplos”, explica o pediatra Peter Liquornik, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria.

E não é preciso entrar em pânico toda vez que a dor surgir. Segundo Franco, caso o pediatra que acompanha a criança já tenha indicado algum analgésico anteriormente, ele pode ser usado novamente desde que a dosagem recomendada seja seguida. O importante é não dar remédio de adulto, pois a dosagem será desproporcional e pode prejudicar órgãos como o fígado e os rins.

Reportagem publicada na Revista da Hora do dia 04/11/07

Corantes: difíceis de evitar

POR CLAUDIA SILVEIRA

Dá gosto ver um alimento vermelho bem forte ou laranja. Mas, se ele não for natural como um morango ou uma cenoura, pode ter certeza de que os responsáveis pela cor são os corantes alimentícios.

Essas substâncias que dão coloração à maioria das comidas industrializadas são obra dos laboratórios, que se esforçam para deixar um alimento mais atraente, como a gelatina e o sorvete, ou mais próximo da sua cor “natural”, como os refrigerantes de uva e de laranja.

No entanto, mesmo dando essa mãozinha à aparência, os corantes costumam ser vistos como vilões. De fato, eles podem provocar alergias, mas não em todas as pessoas, apenas naquelas sensíveis a algum dos componentes químicos da sua formulação.

A engenheira de alimentos Helena Godoy, da faculdade de engenharia de alimentos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) cita como exemplo a tartrazina, que dá a cor amarela aos alimentos e pode significar problemas para quem tem sensibilidade ao ácido acetilsalicílico, princípio ativo de vários analgésicos.

“A reação depende da quantidade ingerida do corante e do grau de sensibilidade de cada um. Algumas pessoas reagem de forma tão leve que podem nem saber que têm alergia”, diz. Já para quem é muito sensível a essa substância, os sintomas podem ser náusea, dor de cabeça e irritabilidade.

Como é difícil ficar completamente longe dos alimentos com corantes, a dica é evitar exageros. “É preciso ter bom senso na hora de consumi-los, regra que funciona para qualquer outro alimento”, diz Rosana Perim, gerente de nutrição do Hospital do Coração, em São Paulo.

A nutricionista sugere ainda mais cautela com crianças muito pequenas, pois elas costumam ser mais sensíveis. Já as crescidinhas, mais difíceis de impor a proibição do consumo, devem comer alimentos com corantes em menor quantidade e com menor freqüência que os adultos.


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Corante natural é melhor que o corante artificial?
De forma geral, não. O corante natural é extraído de plantas ou de outros alimentos e, geralmente, precisa ser usado em maior quantidade do que o artificial para dar a mesma tonalidade. Mas não é porque é natural que ele está livre de ser tóxico ou provocar alergias.

O produto que é usado na comida é o mesmo da indústria de tintas?
Sim. Mas não precisa se assustar porque eles não são completamente iguais. O corante de alimentos tem um grau de pureza muito maior do que aquele usado para fabricar tinta de parede ou para colorir tecidos, por exemplo. Antigamente, o produto da indústria chegou a ser usado na cozinha, o que gerou graves intoxicações. Hoje, para poder ser usado na comida, ele passa por um controle rigoroso de qualidade e é submetido freqüentemente a exames toxicológicos.

Como posso diminuir o consumo de corantes do meu dia-a-dia?
A forma mais significativa de evitar a substância é diminuir o consumo de alimentos industrializados. Se não for possível, uma dica que não significa abrir mão de uma deliciosa sobremesa é substituir a gelatina colorida pelo produto sem sabor, adicionado de sucos e pedaços de frutas. Isso deixa o alimento mais saudável e até mais gostoso.

Quantos corantes são usados nos alimentos?
A quantidade de cores usadas varia de acordo com cada país. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autoriza no Brasil o uso de apenas 11 tipos de corantes.

Reportagem publicada na Revista da Hora do dia 23/09/07