17 de março de 2008

Cistos nos ovários exigem tratamento

POR CLAUDIA SILVEIRA

A vinda da top model inglesa Naomi Campbell (foto) a São Paulo para uma cirurgia misteriosa gerou o maior bafafá por causa do segredo em torno do que estava acontecendo com sua saúde.

A pedido da modelo, os médicos que a atenderam, um ginecologista e um infectologista, não revelaram o que a levou à mesa de cirurgia. No entanto, o agente dela, Jeff Raymond, divulgou que Naomi teria retirado um cisto no ovário.

Mas o fato é que esse é um problema feminino bem comum. Os cistos são um acúmulo de secreção envolta em uma parede própria e se desenvolvem nos ovários por causa da montanha-russa hormonal pela qual a mulher passa todos os meses. Eles também podem aparecer nas mamas pelo mesmo motivo.

Segundo o ginecologista Dirceu Mendes Pereira, presidente da SBRH (Sociedade Brasileira de Reprodução Humana), a maioria dos cistos são benignos, mas podem surgir alguns malignos, ou seja, que podem indicar algum problema sério, como um câncer.

Porém, mesmo os benignos podem exigir cuidado imediato. “Quando um cisto tem mais de cinco centímetros de diâmetro, a gente já considera o risco de ruptura. Ele pode sangrar e provocar dores muito fortes”, esclarece o mastologista Edison Mantovani Barbosa, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Quando o cisto no ovário é pequeno, o tratamento pode ser feito com o uso de anticoncepcional e acompanhamento médico. Mas, se ele atinge um tamanho que oferece risco à saúde, o médico recorre à videolaparoscopia, uma cirurgia considerada simples e que tem recuperação rápida, cerca de 24 horas.

Por isso, suspeitou-se que Naomi teria, na verdade, tratado uma infecção pélvica aguda, ou seja, na região dos órgãos reprodutores. A top passou cinco horas em cirurgia e quatro dias se recuperando no hospital. Muito tempo para quem estaria tendo apenas um cisto retirado.

Para evitar que um cisto leve à intervenção cirúrgica, o melhor é recorrer à prevenção. Ir ao ginecologista ao menos uma vez por ano ajuda a evitar esse tipo de problema, que pode ser detectado por meio de ultra-som da região pélvica.



Entenda o mal

O que é?
Cisto é o acúmulo de secreção envolta em uma parede própria. É como se fosse uma bexiga de festa cheia de líqüido. O tamanho é variado. O cisto pode ter poucos milímetros de diâmetro ou, em casos excepcionais, chegar a 15 centímetros

Onde se desenvolve?
Os cistos podem aparecer em qualquer parte do corpo. Nas mulheres, é comum surgirem nos ovários e na mama

Por que isso acontece com as mulheres?
Por causa das sucessivas oscilações hormonais pelas quais elas passam todos os meses

Há sintomas?
Sim. A mulher pode sentir dores abdominais, e a menstruação pode se tornar irregular. Mas nem toda mulher com cistos vai necessariamente sentir esses sinais

Todo cisto é benigno?
Não. Em alguns casos, ele pode ser maligno ou indicar que há algum problema no endométrio (mucosa que recobre internamente o útero). Ele também pode inflamar e provocar fortes dores

Como é o diagnóstico?
Só o médico pode constatar se a mulher tem ou não cistos no ovário ou nas mamas. O exame ginecológico é indispensável, assim como o ultra-som e o toque

Como é o tratamento?
A forma mais comum de tratar o problema no ovário é usar anticoncepcional com acompanhamento do ginecologista. Quando o diagnóstico mostra que o cisto tem cinco centímetros ou mais, é preciso removê-lo imediatamente. Em casos como esse, o médico recorre à videolaparoscopia, um tipo de endoscopia em que é possível ver a região do abdome por meio de uma videocâmera, o que possibilita fazer uma cirurgia com incisões mínimas

Fontes: Dirceu Mendes Pereira, ginecologista e presidente da SBRH (Sociedade Brasileira de Reprodução Humana) e Edison Mantovani Barbosa, mastologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Reportagem publicada na Revista da Hora do dia 09/03/08