5 de dezembro de 2007

Corantes: difíceis de evitar

POR CLAUDIA SILVEIRA

Dá gosto ver um alimento vermelho bem forte ou laranja. Mas, se ele não for natural como um morango ou uma cenoura, pode ter certeza de que os responsáveis pela cor são os corantes alimentícios.

Essas substâncias que dão coloração à maioria das comidas industrializadas são obra dos laboratórios, que se esforçam para deixar um alimento mais atraente, como a gelatina e o sorvete, ou mais próximo da sua cor “natural”, como os refrigerantes de uva e de laranja.

No entanto, mesmo dando essa mãozinha à aparência, os corantes costumam ser vistos como vilões. De fato, eles podem provocar alergias, mas não em todas as pessoas, apenas naquelas sensíveis a algum dos componentes químicos da sua formulação.

A engenheira de alimentos Helena Godoy, da faculdade de engenharia de alimentos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) cita como exemplo a tartrazina, que dá a cor amarela aos alimentos e pode significar problemas para quem tem sensibilidade ao ácido acetilsalicílico, princípio ativo de vários analgésicos.

“A reação depende da quantidade ingerida do corante e do grau de sensibilidade de cada um. Algumas pessoas reagem de forma tão leve que podem nem saber que têm alergia”, diz. Já para quem é muito sensível a essa substância, os sintomas podem ser náusea, dor de cabeça e irritabilidade.

Como é difícil ficar completamente longe dos alimentos com corantes, a dica é evitar exageros. “É preciso ter bom senso na hora de consumi-los, regra que funciona para qualquer outro alimento”, diz Rosana Perim, gerente de nutrição do Hospital do Coração, em São Paulo.

A nutricionista sugere ainda mais cautela com crianças muito pequenas, pois elas costumam ser mais sensíveis. Já as crescidinhas, mais difíceis de impor a proibição do consumo, devem comer alimentos com corantes em menor quantidade e com menor freqüência que os adultos.


Saiba mais

Corante natural é melhor que o corante artificial?
De forma geral, não. O corante natural é extraído de plantas ou de outros alimentos e, geralmente, precisa ser usado em maior quantidade do que o artificial para dar a mesma tonalidade. Mas não é porque é natural que ele está livre de ser tóxico ou provocar alergias.

O produto que é usado na comida é o mesmo da indústria de tintas?
Sim. Mas não precisa se assustar porque eles não são completamente iguais. O corante de alimentos tem um grau de pureza muito maior do que aquele usado para fabricar tinta de parede ou para colorir tecidos, por exemplo. Antigamente, o produto da indústria chegou a ser usado na cozinha, o que gerou graves intoxicações. Hoje, para poder ser usado na comida, ele passa por um controle rigoroso de qualidade e é submetido freqüentemente a exames toxicológicos.

Como posso diminuir o consumo de corantes do meu dia-a-dia?
A forma mais significativa de evitar a substância é diminuir o consumo de alimentos industrializados. Se não for possível, uma dica que não significa abrir mão de uma deliciosa sobremesa é substituir a gelatina colorida pelo produto sem sabor, adicionado de sucos e pedaços de frutas. Isso deixa o alimento mais saudável e até mais gostoso.

Quantos corantes são usados nos alimentos?
A quantidade de cores usadas varia de acordo com cada país. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autoriza no Brasil o uso de apenas 11 tipos de corantes.

Reportagem publicada na Revista da Hora do dia 23/09/07